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Foto de quando eu era calouro do JorUFSC |
Meu colega Marcone Tavella acha que devemos comemorar os quatro anos de criação do LARANJAS, completados amanhã. Acho uma iniciativa simpática, agradável, mas que no fundo é uma grande bobagem. Considero este blog um fracasso retumbante e, apesar de reconhecer que houve alguns rompantes de brilhantismo textual, tenho vergonha de ver meu nome envolvido neste ciclo olímpico de decepções e incompetência. Comemorar o quê, Marcone Tavella? Que criamos esse blog muito antes do Sensacionalista, do Bairrista e do Piauí Herald e, mesmo assim, eles ganham dinheiro publicando mentiras e nós não? Parabéns, campeão!
Culpo todos os que escrevem aqui, mas principalmente eu, o membro mais velho e, portanto, supostamente mais prudente em escrever cretinices. Apenas supostamente. A lista enorme de projetos abandonados no meio me credencia a destaque negativo nesses quatro anos. O primeiro que vem à mente é a novelaranja "Gênese de um cafa", que combinava realidade e ficção na saga do que seria a minha transformação, quando jovem, em um grande pegador. Não bastasse a premissa por si só pouco crível, a história foi abandonada no quinto capítulo, quando começaria a pegar pesado na depravação. No entanto, esta série rendeu uma das minhas melhores atitudes no LARANJAS: justamente a decisão de interrompê-la, antes que eu virasse um motivo ainda maior de piadas.
Creio que as pessoas riram mais de mim que comigo nesses quatro anos. Em muitos momentos confundi vida pessoal com profissional e postei coisas que não tinham a menor coerência com a linha editorial que eu mesmo propus para o LARANJAS. Logo no primeiro ano, quando calouro, fiz a cobertura de uma edição do Tim Festival única e exclusivamente para atrair leitoras indies e hipsters, exatamente o tipo de mulher que (mais) me despreza. Em nenhuma das três postagens havia uma boa piada ou mesmo uma frase remotamente engraçada. Não que eu seja uma sumidade e as pessoas riam litros do que escrevo, mas sempre é conveniente lembrar que este é um blog de humor.
Tive bons momentos, não nego. Alguns deles, porém, acabaram gerando enormes equívocos. Criei um obituário, chamado "Seção Presunto Fresco", que tinha o extremo bom gosto de questionar a relevância de figuras públicas que recém haviam abotoado o paletó de madeira. Humor negro de qualidade. Tudo foi por água abaixo, porém, quando tive a brilhante ideia de sacanear o príncipe de Petrópolis que morreu na queda do avião da Air France. O LARANJAS aparecia em primeiro quando se googlava nome do rapaz. Resultado: milhares de acessos e algumas pessoas defendendo meu assassinato nos comentários. Retirei o texto, o que provocou a ira do colega César Soto. Ira que se transformaria em puro desprezo quando, pelos mesmos motivos, censurei um post do Marcone a respeito de um sujeito que se suicidou no Iguatemi. Não lido bem com críticas e, principalmente, com ameaças de morte.
Aliás, procure algum post meu no período eleitoral do ano passado. Ou qualquer post. Em nome de um recém-adquirido profissionalismo, silenciei durante a campanha majoritária nacional mais vergonhosa da história da democracia brasileira. "Ah, seus empregadores devem ter te censurado", especula o romântico leitor. Seria uma honra, porque isso significaria que alguém verdadeiramente ocupado lê o LARANJAS. Foi uma inexplicável auto-censura, falta de bolas em português claro, tanto que não tive pudores em usar o Twitter para atacar candidaturas que não me agradavam. Acho que pensava que seria mais fácil argumentar que me expressei mal em 140 caracteres que num texto de 2000 toques.
Resta-me apenas lamentar ter entrado em alta velocidade nesta rua sem saída que é o LARANJAS. Escrever humor é um comprometimento de vida, porque gera a estúpida necessidade de sempre fazer as pessoas rirem. Uma dependência, até. Diariamente olho os relatórios de acesso, esperando um miraculoso crescimento de leitores, mas tenho que me contentar com onanistas que vêm em busca de um vídeo erótico de uma vadia paraguaia, cortesia de Tomás Petersen. Sim, pois depois de quatro anos de esforços no sentido de sempre melhorarmos a qualidade dos nossos textos, temos que conviver com o fato de que quase 50% do nosso público é composto de sujeitos querendo se masturbar com um pornô caseiro da Larissa Riquelme.
E sabe o que é pior? Esse vídeo não existe. Eu procurei e, sem querer, caí no LARANJAS.