segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Aplicativo da Apple poupa tempo e paciência do usuário

Cauê não precisa repetir a história mil vezes
"A vida não é perfeita". Assim suspirou Charles Darwin ao se despedir de serelepes baianinhas que, com água até as canelas, sacudiam suas partes em acenos efusivos e emocionados para a embarcação HMS Beagle que sumia no horizonte. Isto foi em março de 1832. Explicar a dor daquele momento tantas vezes mataria de tédio e nostalgia o pai do Evolucionismo quase 50 anos depois.

Foi preciso muitas topadas em quinas de cama, braços quebrados e atos inconsequentes de uma noite de embriaguez para que estudantes de Faliologia, da Universidade da Tonga da Mironga do Kabuletê, criassem uma forma simples de transmitir os infortúnios que acompanham a espécie humana desde o último símio.

O aplicativo da Apple, já disponível para IPad, IPhone, IPod e Mac, funciona como discurso pronto para aquele chato que olha a testa da pessoa sem sobrancelha e não se controla em pedir o por quê?

"My face, your ass", como foi batizado, é fácil de usar. O usuário grava um vídeo em que conta, por exemplo, como a ex o chutou. Faz isso com toda a técnica de retórica que for capaz, cheio de gestos, brincadeirinhas, auto-flagelo, choramingos e reticências. No fim, clica em stop e escolhe uma tecla do teclado para servir como atalho.

Pronto, a pessoa estará livre de gastar saliva e tempo explicando a mesma história incontáveis vezes para todo tipo de pessoa. Ao primeiro colega de trabalho que perguntar "você está diferente, o que foi com seu nariz?", acione o vídeo e volte a seus afazeres.

Bel no Fas, um dos idealizadores do produto, adianta que qualquer receio de se passar por uma pessoa antipática perante seu grupo social não se fundamenta, pois a geração Y prefere mesmo se comunicar com vídeos reproduzidos em players de baixa resolução do que pessoalmente. "Quanto mais views a história tiver, mais interessante fica para o curioso da vez", acrescentou.

O detalhe é que cada vez que o discurso é acionado, o número correspondente àquela exibição é emitido pelo aparelho, podendo dar uma dimensão de quantas vezes uma pessoa conta a mesma história, em decorrência de uma mudança em sua vida.

"Esta é a sétima vez que imobilizo o pulso por conta de um esforço repetitivo de uso do computador. Antes eu ficava explicando o motivo mil vezes para meus amigos. Depois passei a escrever bem grande a palavra 'LER' no gesso, para que ninguém me incomodasse, mas mesmo assim tinha que ficar mostrando. Agora, com o "My face, your ass", basta dar o play, entregar o aparelho pra pessoa e ficar de bobeira", comemorou Yan Ki Se, 9 anos, representante da geração Y que já adquiriu o aplicativo para seu IPhone.

E para você que chegou até o final deste texto, o início realmente não tem muito a ver com o resto. Apenas gostei da imagem do Charles Darwin se despedindo de serelepes baianinhas. Obrigado por acessar o blog.

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