domingo, 11 de setembro de 2011

Cobertura especial do LaranjasBlog no dia da Parada da Diversidade


Ainda em agosto, o decalque gigante já estampava a fachada do principal shopping da Beira-Mar Norte, em Florianópolis. Anunciava o amor acima de tudo, contra todas as diferenças. Pois enfim chegou o tão esperado 11 de setembro, histórico em vários países e no mundo por tabela. Sob um sol ainda tímido pelo chega pra lá que levou da chuva na última semana, catarinenses de todas as idades receberam de celulite, buço suado e purpurina "genthis" de todos os cantos para mais uma Parada da Diversidade.

Dada a relevância do evento, por volta das 16 horas o LaranjasBlog se vestiu a caráter, reuniu todos os equipamentos disponíveis, pesquisou, coletou um número razoável de informações importantes e partiu para a cobertura de uma pescaria na Caieira da Barra do Sul, no último paralelepípedo da Baldicero Filomeno, extremo-sul da Ilha de Santa Catarina, quase Naufragados.

Munidos apenas com tarrafas, os moradores daquelas paragens Zézo, Filó e Amadeu lutavam, de pés e canelas encobertos pelo mar gelado, contra os peixes, claro, mas sobretudo contra o vento forte que vinha de encontro a costa. "Não é bom dia para pesca, seu repórter. Não tinha assunto melhor para vocês cobrir (sic) hoje não?", resmungou Filó, 45 anos, batendo a mandíbula rapidamente no maxilar.

Certos de que tínhamos acertado na pauta, resolvemos ser solidários ao esforço de nossos três personagens e também entramos no mar esverdeado, devido a um lodo pegajoso que predomina no fundo. O sol, este fraco, foi dando lugar a nuvens, e o gelo da água começou a castigar os ossos da canela. "Traz a cachaça!", bradou seu Zézo, 62, que lançava pela décima vez sua ferramenta de náilon, sem qualquer perspectiva de sucesso.



O cheiro do ambiente lembra um peido que está passando. Nem gaivotas testemunhavam aquela empreitada. Filó e Amadeu (de 15 anos) estavam a 100 metros mar adentro em busca de algum mísero cardume quando uma rural estacionou na beira da estrada. A esposa de Filó, filha de Zézo e mãe do Amadeu, dona Nadir, se posicionou nas pedras quase entrando no mar e, com as mãos cerradas apoiadas na cintura, bradou com uma raiva que fez estremecer os três sujeitos. "O que os senhores estão fazendo aqui, posso saber?! Já não falei que domingo é sagrado. Nada de pesca, nada de cachaça e nada de futebol! Pro carro os três, vamos!".

Encolhidos, olharam-se, entregues ao sentimento de culpa cristã. Sem dar qualquer explicação para a reportagem do blog ali presente saíram da água (estupidamente gelada) arrastando as tarrafas e a garrafa de cachaça quase vazia.

Voltando para a cidade que parou em nome do amor e contra as diferenças, nossa equipe tinha só um pensamento - Zézo, Filó e Amadeu nunca iriam a uma Parada da Diversidade.

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