terça-feira, 20 de julho de 2010

Arqueólogo brasileiro encontra o Elo Perdido da espécie humana

O dia de Anísio Coelho começa cedo. Apesar da ressaca, acorda todo o santo dia às sete da manhã. Come qualquer coisa na geladeira, toma um banho rápido e escova os dentes. Em 20 minutos chega à sua repartição, o escritório de registro de pessoas físicas, da Receita Federal, onde sempre bate ponto às oito horas. Há 13 anos, esse carioca de 35 faz a mesma função desde que passou no concurso público, após sua graduação em Administração: verifica a situação dos CPFs (antes era na base da carimbada, hoje a tecla ENTER resolve). Todo dia cinco recebe seus 3 mil reais por mês, gastos em aluguel, comida, cerveja depois do expediente e outros gastos supérfluos.

Era pra ser um dia normal, esse último dia 15 de julho. Quinta-feira cinzenta, acabaria de certo na oitava garrafa de Antártica no armazém do Rubens. Mas, perto das três horas da tarde, a vida de Anísio mudou, com a entrada do 78º cidadão (ele conta todos eles), o arqueólogo da Universidade de São Paulo, Franscisco Cagliari. O pesquisador suspeitava de algum problema no seu CPF – tentara comprar um celular e não obteve sucesso – e foi à sede da Receita Federal verificar sua situação. Se os interesse não fosse científico, poder-se-ia dizer que foi amor à primeira vista: lágrimas escorreram do rosto de Cagliari ao deparar com o eficiente funcionário que lhe havia requerido uma assinatura. Na mesma hora, o arqueólogo percebeu que estava diante da descoberta científica do século. Havia encontrado o Elo Perdido da espécie humana!

Desde que Charles Darwin lançou A origem das espécies, propondo a teoria da evolução por meio da seleção natural, cientistas do mundo inteiro têm pesquisado sobre o Homo sapiens e seus ancestrais. Conseguiram estabelecer uma escala evolutiva das espécies hominídeas, que descreve a ereção da coluna vertebral, o caminhar em duas pernas e o aumento da capacidade intelectual. O Elo Perdido em questão corresponde a determinada espécie que fosse o ancestral comum entre o homem e o primata.

Apesar de conhecer as noções aprendidas na aula de biologia, nunca passou pela cabeça de Coelho que ele era o tal do Elo Perdido. Mas para o arqueólogo Calgiari, estava claro: a espessa pelagem no rosto e no corpo (Coelho não fazia a barba), a postura arqueada das costas e o dedão não-opositor (para Coelho era apenas um dedo torto) eram características definitivas. O maior motivo de espanto é o fato da criatura estar viva, e não em estado fossilizado, como a comunidade científica sempre imaginou. Desde o dia 15, Coelho é submetido a testes de laboratório para provar a sua espécie. Os resultados todos vêm confirmando o fato de que ele é o Elo Perdido, o ancestral comum. Segundo Cagliari, 80% dos testes já foram realizados: “Depois disso, é só dar o nome científico em latim”, prevê o arqueólogo.

Mas Anísio Coelho não gosta dessa história: “Não é nada bom ser chamado de macaco”, reclama o servidor público em entrevista exclusiva ao LARANJAS.. A maior preocupação de Coelho é no convívio social com seus amigos e familiares. Até então ele era considerado da espécie humana, mas agora fica a dúvida se não haverá nenhum tipo de segregação: “Imagina o que o pessoal da repartição vai falar depois que tudo isso acabar?”. Apesar disso, ele também espera ter alguma vantagem econômica. Planeja cobrar por palestras e participações em congressos. Também vai acionar o advogado para pedir alguma quantia à USP: “Eles estão me explorando”, justifica Coelho. Com o dinheiro, planeja estudar para a pós-graduação. O sonho de Coelho é se tornar um professor universitário, e nunca mais ter que carimbar formulários e verificar CPFs no sistema da Receita Federal.

Um comentário:

Cacau disse...

Tomás, vc é doente