Capítulo I ; Capítulo II ; Capítulo III
Para ler ouvindo: Kid Abelha - A fórmula do amor
- Há situações em que o produto é até bom, mas a empresa não sabe vendê-lo. Geralmente é um problema nos canais de comunicação com o público, ou mesmo definição errada desse público.
Olha, não é que se pode aprender algo de útil na faculdade?
- E outra coisa: de repente pode ser interessante que você entre com um preço de penetração de mercado, ou seja, venda seu produto um pouco mais barato para que ele comece a circular. Já ouviu aquela história de que uma criança só quer um brinquedo que o amiguinho já tem? É mais ou menos por aí.
Alguém já deve ter escrito um livro de auto-ajuda aplicando ferramentas de marketing para a sedução. Deve se chamar "Jesus, o maior pegador que já existiu" ou "120 estratégias de marketing das pessoas sexualmente felizes".
- Mas tu não disse ainda, garoto, qual produto que tu queres vender?
Dei um migué no meu professor de marketing. Eu queria vender o meu corpo, mas disse pra ele que queria vender a minha alma. Ele riu. No fundo, era verdade. Queria me transformar em algo que era contra a minha essência, que era de ser um cara que respeitava as mulheres. Mais tarde eu descobriria que não precisava deixar de ser esse cara, apenas precisava que ele aparecesse nas horas certas.
Enquanto isso, eu queria aprender mais. Comecei a freqüentar, então, lugares pródigos em coroas, que não têm muito tempo a perder. Aqueles mesmo. Isso, esses aí. E elas gostavam de mim. Devia ser o letreiro luminoso na minha testa que dizia "semi-virgem". Eu pensava que coroas guerreiras teriam um instinto maternal aguçado, que deveriam querer ensinar algumas coisas pra caras mais novos como eu. Ledo engano. O que mais rolava eram coisas na base do "deita aí e não me atrapalha". Algumas delas chegaram a dizer literalmente isso. Não deu pra aprender muita coisa. O lado bom é que eu geralmente ganhava um lanchinho gostoso na cozinha das coroas. Era o tal instinto maternal que eu imaginava.
Outra coisa boa desses lugares (aqueles mesmo), é que conhecidos meus também os freqüentavam. E a minha taxa de sucesso era consideravelmente maior que a deles, decerto por causa do letreiro. Impressionados, esses caras, que estudavam Administração na UFSC comigo, começaram a me chamar para outras baladas, freqüentadas por pessoas da nossa faixa etária. E, claro, por meninas que estavam Administração na UFSC comigo.
Elas me atraíam como velas às mariposas. Um desejo suicida. Eu tinha uma necessidade brutal de pegar uma delas. Normal, todo mundo quer participar do placar secreto, aquele que todo mundo conhece, que rola internamente nos cursos de uma universidade. O meu caso era ainda mais justificável: eu queria abrir a minha contagem. Foda é que eu não conseguia de forma alguma. Eu ficava de papinho, queridão, até algum canalha notório do curso resolver em poucos minutos o que eu levava horas para não conseguir. Minha reação oscilava entre a pura revolta e a consternação, mas sempre envolvia muito álcool. E, às vezes, bêbado a gente observa as coisas com mais clareza. Numa dessas noites, comentei que os caras deviam entender mais de marketing que eu. Belo insight, garotão. Era exatamente isso.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Novelaranjas: "A gênese de um cafa" (Capítulo IV)
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2 comentários:
Os lugares que você frequenta de drão sempre o menu que chama o freguês. Não adianta ser cortez num ambiente que pede um 'canalha'.
O Lugar pede o corpo, a alma se perde. Triste realidade mon petit. É melhor mesmo ser 'queridão' entre amigos.
nossa relendo, ou melhor, traduzindo ali em cima o que eu quis dizer...
"Os lugares que você frequenta darão sempre o menu que chama o freguês. Não adianta ser cortez num ambiente que pede um 'canalha'.
O Lugar pede o corpo, a alma se perde. Triste realidade mon petit. É melhor mesmo ser 'queridão' entre amigos."
E adicionando...
O marketing de pegador é mais legal que o de "amigão" nesse tipo de relação [entenda-se "na night"]
Pq amigão sempre soa "o cara legal que não quer assumir que é viado".
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