quinta-feira, 29 de maio de 2008

Rato não, camundongo!

“Mas amor, é só um rato”.

Sei que falar isso não foi muito inteligente, porque defender um rato quando seu futuro está em jogo, é algo a se considerar algumas vezes antes de se fazer. Acho que foi uma das últimas frases que disse para aquela mulher. Parece também que ela me respondeu algo como “Chegar em casa bêbado em casa toda noite, eu posso suportar. Agora, trazer um rato para casa e o chamar de filho é a gota d´agua”. Tive que abandonar meu lar.“Toma essa coisa nojenta, seu animal”.

Saí ,então, com o “Gota d´agua”. Não entendia como ela podia ter raiva daquele bicho tão querido e simpático. Sentei ao lado de uma poça de lama, esperando que a resposta caísse do céu para mim. Choveu. Gota d´agua começou a rosnar de frio em sua gaiola. Não podia deixar ele ali, chorando. Caminhei com ele até o parque, e nos abrigamos embaixo da figueira central.Estava ali, refletindo. Aquela mulher me odiava, e eu nem a menos sabia o motivo real. Que eu fosse um cafajeste? Sim, mas e daí? Que eu fazia pouco caso de seus sentimentos? Sim, mas e daí? Que eu queria tirar a idéia dela de ter um filho, lhe dando um animal de estimação? Sim, mas e daí?

E daí, que eu fui expulso de casa. E daí, que estava com frio. E daí, que meu melhor amigo era um rato. É, pensando bem minha vida estava uma pequena bosta. Uma grande bosta para falar a verdade. Alias, uma tremenda bosta, porque Gota d´agua tinha acabado de fugir. Saí a sua procura, e para meu espanto, pela primeira vez na vida eu pensei. Sabe, é aquilo quando você fala algo de útil para si mesmo. Algumas pessoas sempre haviam me dito que não conseguiam parar de pensar am alguma coisa que as aflingia. Eu nunca havia as entendido.

Que bom, já sabia o rumo que tomaria da minha vida. Que bom, que bom.Retornei a minha casa, acordei minha mulher, disse que a amava, que me perdoasse e que me amasse novamente. Nisso, meu chefe Ricardo me enxeu de porrada, e eu virei um rato. Rato não, camundongo.

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