Capítulo I ; Capítulo II
Para ler ouvindo: Arctic Monkeys - You probably couldn't see for the lights but you were staring straight at me
- Não, guri, não senti nenhuma conexão diferente contigo. Você simplesmente estava ali, te achei bonitinho e com cara de cabaço. Tudo o que eu precisava para o fim de noite.
Com essa frase, e com as horas anteriores que passei com ela, a bartender, uma balzaca sarada chamada Sandra, ensinou um conceito que mudaria minha vida: o sexo sem sentimentos. E o sexo por si próprio, também. E, tá bom, não foram horas, mas sim alguns minutos.
- Ah, e vi que você tinha carro também. Contou alguns pontos. Eu não tava afim de voltar de táxi pra casa.
Ela tinha me usado! E eu achei isso sensacional. Foi quando eu percebi que estava começando a mudar. Eu sentia um certo orgulho e de forma alguma me recriminava por isso.
- Quer dizer, não fica achando que eu sou maria-gasolina! O que contou mais foi que você é bonitinho. Sério, guri, se você se valorizasse mais um pouco, desse um jeito nesse seu cabelo, ganhasse alguns músculos, ia ser um sucesso com a mulherada.
Claro, hoje eu sei que o que contou mais foi o carro. Naquela noite, porém, eu aceitava tudo que a ela dizia como um mero aprendiz. Ainda bem. Percebi que teria que trair a minha verdadeira personalidade, vender-me pra esse novo mundo para o qual uma bartender tinha me aberto as portas. E se eu fosse me vender, o produto tinha que ser bom, como ensinavam minhas aulas de marketing. Naquele momento eu não tinha condições de ser um best-seller. O bizarro foi que eu pensava tudo isso no pós-coito, enquanto a Sandra fumava um cigarro. Foi a primeira de algumas trepadas epifânicas, no sentido literal da palavra, que eu viria a ter nessa época de transformação.
Então eu raspei o cabelo. E ganhei alguns músculos. O legal de ser magro é que em pouco tempo de malhação você dá uma inchadinha e já se acha um Adônis. Perfeito para o que eu precisava: auto-confiança. Na verdade, isso é tudo o que um homem precisa: auto-confiança. Repita para você mesmo: auto-confiança. Com as ferramentas certas, ou seja, se sua auto-confiança realmente se justifica (para si próprio, é bom ressaltar), você vai dizer para a mulher que é o seu foco numa balada, apenas com os olhos, "eu vou te comer essa noite" e ela não vai te questionar. Pode regular, mas no fundo ela vai te dar razão.
O meu problema foi ter desenvolvido, inicialmente, auto-confiança demais. Minhas abordagens variavam entre o clássico puxão-no-braço e o olhar-stalker, aquele em que o cara fica uns cinco minutos encarando sem tomar uma atitude e esperando que a mulher aja. Fucking amateur. Até que, numa noite, consegui tirar uma menina do sério. No mau-sentido.
- Tu é louco ou frouxo?
Fiquei sem reação.
- Não, porque eu vi que tu tava me olhando. Olhei de volta e te dei um sorriso. Tu não veio, achei que tinha ido embora. Só que tu ainda ta aí! E ainda me olhando! Então ou tu é um louco que tem tesão em só secar as mulheres ou tu é um baita de um frouxo que leva meia hora pra criar coragem. Qualquer que seja, pára de me olhar!
Ainda sem reação.
- Uma dica, querido: se uma mulher te der mole e tu não fizer nada em 30 segundos, ela parte pra outro. Pôe na tua cabeça que quem escolhe quem pega na night são as mulheres, mané!
A primeira parte estava corretíssima. Discordo frontalmente da segunda afirmação, embora concorde que realmente devemos deixá-las pensar que isso é verdade. Tenho que admitir, contudo, que as mulheres foram as minhas melhores professoras de cafajestagem. Foda foi que eu não peguei o nome dessa esquentadinha.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Novelaranjas: "A gênese de um cafa" (Capítulo III)
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4 comentários:
há há há.
quem escolhe quem pra qualquer coisa sempre são as mulheres!!!
hmpf!
aIHAUAIHAuia...
Continuo acompanhando! Mto bom, se bem que depois de ver o Flamengo cair fora eu to dando risada de qualquer coisa, haahha
"E, tá bom, não foram horas, mas sim alguns minutos." = ejaculaçao precoce
genious HAHA
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