sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Minicontos de carnaval

ÚLTIMO SAMBA EM FLORIPA

Olhei para uma menina no meio do bloco, numa hora em que já não esperava mais nada. Eu estava até sóbrio. Ela veio na minha direção, não falou nada e me beijou. Um longo beijo. Assim, sem me dar trabalho algum. Ao devolver minha língua, disse:
- Quero passar o resto do carnaval com você, mas não vou te dizer meu nome. Também não quero saber o seu. Só quero que seja intenso e inesquecível.
- OK. Então traga o tablete de manteiga.
Ela olhou perplexa meu sorriso sacana e foi embora, perdendo-se no meio da multidão. Não me importei. Mulheres que não entendem referências ao cinema costumam ser desinteressantes.


* * * *

NA TELA DA TV, NO MEIO DESSE POVO

- Olha essa mulher no carro alegórico.
- Pois é, que piranha...
- Ai amor, credo!
- Piranha sim! Eu jamais deixaria você aparecer dessa forma na TV!
- Como assim? Você não manda em mim! E se eu fosse gostosa desse jeito, não estaria namorando contigo!
- Piranha!
- Como é que é?!
- A mulher na TV, amor, a mulher na TV...

* * * *

ROMANCE É COISA DO PASSADO

Encontraram-se no trio da Ivete. Não acreditaram.
- Pierrô? Em 2008?
- Colombina? Em Salvador?
Não poderiam deixar uma chance daquelas passar. Era muita coincidência, talvez obra do destino. Então beijaram-se loucamente. Beijaram-se muito. Beijaram-se até se encherem um do outro. E foi isso. Cada um foi para um lado. Nunca mais se viram. E nunca mais foi feito um conto romântico de carnaval como os de antigamente.

Um comentário:

Gabriel Geller disse...

"Mulheres que não entendem referências ao cinema costumam ser desinteressantes".