terça-feira, 29 de abril de 2008

Confissões de um filho único!

A relação de irmãos sempre é mútua. O irmão mais novo até sofre um pouco, mas a recompensa plena de aturar um irmão mais velho chega na adolescência.

O irmão mais velho ensina o irmão mais novo a jogar futebol (esta tarefa lhe é delegada pelo pai, porque, afinal ele é o irmão mais velho). Claro que durante toda a infância o menor tem que ouvir o maior falar que ele é perna de pau e tudo mais. E quando o mais novo é convidado pelo mais velho para jogar no seu time ele se ouriça todo. Quando chega lá, é o último a ser escolhido para o jogo, mas pelo menos ele é escolhido. Já eu, filho único, nunca fui ensinado a jogar futebol. Acho que mesmo se eu soubesse jogar eu não seria inserido na roda, apenas por ser pequeno. Aí sobrava ir jogar vôlei com as meninas. Com o passar do tempo, as meninas foram chamando suas irmãs mais novas para jogar nos seus respectivos times, e eu tive que arranjar um vídeo-game.

Com isso cresci frustrado, porque queria ser igual ao meu pai, um grande jogador que tinha até participado das categorias de base de um time que até já foi campeão do campeonato catarinense. Poucas vezes, mas foi. Ele jogava comigo algumas vezes, mas a certa altura da vida ele me deu uma bola de basquete. Com a minha bola de basquete eu podia formar meu próprio time. Juntei-me com dois amigos meus, cada um tinha uma cesta e eles colocaram na grande garagem da minha casa. Infelizmente ninguém gosta de basquete no Brasil. Nem eu, maldito Chicago Bulls. Voltei ao vídeo-game!

Com cerca de dez anos visitei meu primo menor, que tinha acabado de comprar uma mesa de pingue-pongue. Ele começou a se destacar no esporte e virou um campeão. Da cidade é claro, porque ninguém é campeão mundial de pingue-pongue sem ser japonês. Fiquei empolgado. Tentei bater nele só para descontar minha raiva por ele ter sido bem sucedido. Mas esqueci que ele tinha primos mais velhos. Depois disto nunca mais fui capaz de acertar a raquete na bolinha de pingue-pongue. Pensando bem, até que Mário Bros. não é um jogo tão ruim.

Cansado de me dar mal nos esportes decidi ser gordo. Aos onze anos meus colegas da sala já disputavam campeonatos estaduais de Futsal e me falavam de coisas que eu não entendia, como “ficar” com as meninas de torcida. Não me preocupei com isto, até dois meses depois quando eu "fiquei". Achei engraçado porque a menina enquanto me acariciava fez um comentário sutil: “Nossa, você ta ficando gordo”. Isso não abalou minha auto-estima, porque contanto que eu andasse com a coluna reta, não dava para perceber minha barriga. Forcei demais e ganhei escoliose.

Aos sábados recebia sempre a visita de uma amiga. A partir dos catorze anos ela começou a parecer atraente para mim, de uma forma nova. “Fiquei” com ela, e nossa! Algo diferente aconteceu. Como não tinha irmão fui perguntar para meu professor de Catequese. Ele me disse que aquilo tudo era pecado. Fui para casa rezar vinte ave-marias. Junto com a Carlinha, é claro. Algo diferente aconteceu de novo! Imediatamente comecei a rezar mais vinte ave-marias. Carlinha ficou me olhando e logo saiu da minha casa. Nunca mais falou comigo. Só fui entender o porquê da raiva dois anos depois, quando sem as dicas de meu irmão mais velho, frustrei sexualmente uma menina. Foi aí que voltei ao vídeo-game!

Um comentário:

Anônimo disse...

Mto bom!

O único porém é que os campeões de ping-pong são os chineses, não os japas.